(Renata Maurício Sampaio)
É um rio.
Muitas vezes beleza,
Outras, tristeza,
O vazio.
A Vida-Rio desliza por entre as pedras do Acaso
Pedras que edificam sonhos
Mas promovem também o fracasso
Tornando o trajeto sinuoso e medonho.
Oh Rio-Vida!
Ajude o dia a vestir seu manto escuro,
Mas presenteie os mortais com a claridade
Que amanhece o incerto futuro
E traz serenidade.
Transforme as turvas águas
Na fonte mais cristalina e pura
Lave do meu coração as mágoas
Não deixe minha vida escura!
Goteje sob meus dedos sutis
E inunde meu Ser de esperança.
Escape dos meus desejos vis
Quero ser novamente criança!
Abro-te, ó Vida, caixinha de surpresas,
Retiro de ti um momento jamais vivido.
Embriago-me sem defesas
Feito uma criança que sorri para o desconhecido.
Assim também procedo:
Como o rio
Na tentativa de vencer o medo,
Sigo em frente, choro e rio.
Quero desaguar-me no Mar do Indescritível
Viver um momento imprevisível
E experimentar sensações inimagináveis
Fontes de prazer inesgotáveis.
Vou soçobrar e vir à tona novamente
Mergulhando incessantemente
Com o fôlego das criaturas imortais
Que não se contentaram com a beira do cais.
E, quando for chegada a minha hora
Quero beijar sorrindo a face fria da Morte
Porque vivi o Agora
E cumpri minha Sorte!
Nenhum comentário:
Postar um comentário